MULHERES BRASILEIRAS QUE FIZERAM HISTÓRIA
quarta-feira, 17 de julho de 2024
Madalena Caramuru
terça-feira, 4 de abril de 2023
Alzira Soriano - Primeira prefeita no Brasil e na América do Sul
Alzira posteriormente teria ainda 3 mandatos como vereadora na cidade de Lajes.
No dia 24 de fevereiro de 1932 foi instituído o Dia
Nacional da Conquista do Voto Feminino porque somente nessa data, em 1932, as
mulheres tiveram o direito ao voto assegurado em lei com o decreto 21.076 do
então presidente Getúlio Vargas.
Jornal O Globo - 13-06-1962
Jardim de Angicos deve muito à prefeita D. Alzira
Um pouco de reminiscências da primeira mulher a chefiar a prefeitura de uma cidade brasileira
Jardim de Angicos, naqueles tempos, era a cidade mais "politica" da região; desde que fora proclamada a República, ali nasciam movimentos que se estendiam por todo o Estado do Rio Grande do Norte. Foi em Angicos que nasceu D. Alzira Soriano e ela, desde pequenina tomava parte de reuniões políticas presididas pelo pai, ouvindo conversas difíceis sobre a República. Aos 17 anos ela se casa com o Juiz de Direito local, ficando viúva cinco anos após. Volta ao convívio da família prossegue ajudando o pai nas suas campanhas. E após trinta e dois anos vem a ser a primeira mulher Prefeita, não só do Brasil, mas de toda a América do Sul. Isto em 1929.
Pela Emancipação Feminina
Relembrando como começou o movimento de sua candidatura, D. Alzira Soriano recorda a visita da Dra. Berta Lutz ao seu município de Lajes, quando liderava a campanha feminista que concedeu à mulher brasileira o direito de votar e ser votada.
- Ela chegou em Lajes acompanhada do Dr Lamartine, governador do nosso Estado - conta D. Alzira. E por receber plena ajuda do governo é que fez do Rio Grande do Norte o primeiro Estado brasileiro a efetivar esses direitos da mulher.
E porque Berta Lutz viu grandes possibilidades de ter em D. Alzira Soriano o exemplo vivo de que a mulher também podia governar, sugeriu ao Governador Lamartine que a convidasse a candidatar-se a Prefeitura de Lajes.
Foi uma parada difícil
Já havia dois outros candidatos. Correndo a notícia de que D. Alzira, vinha apoiada pelo Partido Republicano e pelo próprio pai, líder político da região, aqueles se retiraram da campanha.
- Acabei ganhando as eleições por unanimidade - diz ela. Foi uma festa geral, porque ninguém havia perdido nem a eleição nem o voto.
Jornais do mundo inteiro noticiaram o fato, D. Alzira foi muito festejada, o Governo rio-grandense o o da República se fizeram presentes à sua posse e a campanha feminista era vitoriosa em todo o País. Confiados ao critério das suas decisões, os encargos da administração do Município de Lajes. Tinha D. Alzira Soriano trinta e dois anos naquela época.
Deu tudo certo
Ela começou por "colocar a casa em ordem", Faltava tudo por fazer. Constituiu secretários. e como não havia nem escrita na Prefeitura, pediu logo auxílio no Governo do Estado, que mandou escriturários para orientar a sua organização.
- Arrecadava-se um total de 60 contos de réis - conta D. Alzira. E como dava para gastar! Abri nova estradas, construí mercados distritais, muitas escolas, estendi a rede de iluminação elétrica.
Fez muito por Jardim de Angicos, a sua terra natal, que até ganhou um jardim de verdade. Mas "a alegria durou pouco veio a Revolução de 30 ela perdeu a mandato. Voltou à vida caseira mas não perdeu a "mania da política"
Desde que voltaram a acontecer eleições no País D. Alzira é eleita vereadora, pela UDN. "E a luta é sempre a mesma - comenta. Por novas estradas, escolas, mais luz elétrica, assistência médica que o povo reclama".
Se gostaria de ser prefeita novamente? "Claro que sim, pela vontade do povo". Mas D. Alzira sente-se "velha e cansada" agora. Nós a sentimos uma mulher extraordinária, que passou vitoriosa pelos preconceitos da sua época, com uma inteligência que até hoje se mantém viva e privilegiada.
terça-feira, 31 de janeiro de 2023
Enedina Alves Marques - Primeira Engenheira Civil negra do Brasil.
ENEDINA ALVES MARQUES
(1913-1981)
Ana Crhistina Vanali
Enedina Alves Marques, negra e de família pobre, foi a
primeira mulher a se formar na Faculdade de Engenharia do Paraná, tornando-se
assim a primeira engenheira civil negra do Paraná e do Brasil.
Enedina, também conhecida como Dindinha, nasceu em Curitiba
em 8 de janeiro de 1913. Filha de Paulo Marques e de Virgínia Alves Marques
(Nhá Duca). Os pais se separaram quando ela ainda era criança. A mãe era
lavadeira e durante a infância de Dindinha foi morar e trabalhar na casa da
família Nascimento. O major e delegado de polícia Domingos Nascimento Sobrinho,
patrão da mãe de Enedina, casado com Josephina do Nascimento Teixeira, foi o
incentivador de seus estudos. Ela foi alfabetizada por volta dos 12 anos de
idade na escola particular da professora Luiza Netto Correia de Freitas.
Realizou o exame de proficiência e concluiu o curso primário no grupo escolar
anexo à Escola Normal. Entre os anos de 1926 e 1931 fez o curso da Escola
Normal Secundária juntamente com Isabel, a filha do major Domingos, que lhe pagou
o bonde durante a formação como normalista para que fizesse companhia à filha.
Durante toda essa fase da sua formação trabalhou como criada de servir e de
babá para a família Nascimento.
No ano de 1932 iniciou sua carreira como professora da rede
pública de ensino. Interrompeu seu trabalho de doméstica na casa da família
Nascimento e seguiu para o interior do estado para atuar como professora no
Grupo Escolar de São Mateus do Sul. Lecionou também no Grupo Escolar de Cerro
Azul, no Grupo Escolar Barão de Antonina em Rio Negro, na Escola Isolada do
Passaúna em Campo Largo. Retornou para Curitiba em 1935 e foi trabalhar na
Escola da Linha de Tiro do Juvevê. O seu regresso à capital ocorreu para
realizar o Curso de Madureza, exigência da nova legislação da Instrução
Pública, que era um curso de capacitação profissional de três anos de duração
para o exercício de professor. Nesse mesmo ano, para complementar seu
rendimento abriu uma escola particular para crianças que não frequentavam a
rede pública. Realizou o Curso de Madureza no Ginásio Novo Ateneu finalizando-o
no ano de 1937. Um dos seus colegas de curso, Jota Caron, foi seu intermédio
junto à família Caron com quem Enedina foi trabalhar e morar.
Entre 1938 e 1939 realizou o curso de pré-engenharia para
prestar os exames de ingresso na Faculdade de Engenharia do Paraná. Nessa
época, durante o dia trabalhava como professora e nos trabalhos domésticos da
residência da família Caron. À noite frequentava o curso preparatório e nas
madrugadas copiava a matéria dos livros que não tinha condições de adquirir e
que emprestava dos colegas para estudar (SANTANA, 2013). Morou com essa família
até o ano de 1954 quando se mudou para um apartamento no Edifício Tijucas no
centro de Curitiba.
No ano de 1940 entrou para a Faculdade de Engenharia do
Paraná. Alguns casos de perseguição, preconceito e discriminação que sofreu
durante a realização do curso são relatados por pessoas que a conheceram e
foram entrevistadas por Santana (2013). Formou-se engenheira em 1945 aos 32
anos de idade.
No ano seguinte a sua formatura, em 1946, Enedina começou a
trabalhar na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Paraná de onde saiu
aposentada em 1962. Durante essa fase exerceu várias funções: foi chefe da
seção de hidráulica, chefe da divisão de estatística, realizou o levantamento
topográfico da Usina Capivari-Cachoeira, participou da construção da Usina
Parigot de Souza, do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante em
Curitiba. Durante um tempo exerceu o serviço de engenharia da Secretaria de
Educação e Cultura. Santana (2013) aponta que Enedina teve seu trabalho e capacidade
técnica reconhecidos pelos governadores Moyses Lupion e Ney Braga, o que lhe
permitiu construir uma rede de sociabilidades e receber uma compensação
profissional através de decretos, dispositivos legais que revisaram a contagem
de seu tempo de serviço e a sua remuneração, o que parece ter lhe garantido uma
aposentadoria rentável.
Enedina faleceu em Curitiba, aos 68 anos, vítima de infarto
no dia 20 de agosto de 1981, solteira e sem filhos. Está sepultada no Cemitério
Municipal São Francisco de Paula, num túmulo mantido pelo Instituto de
Engenharia do Paraná.
Em 2006, Enedina foi homenageada com a inscrição de seu nome
sob o número 237 no Livro do Mérito do Sistema CONFEA/CREA", dedicado a
lembrar profissionais falecidos por suas contribuições para a melhoria da
qualidade de vida e progresso da sociedade¹s. Em 2013, ano do centenário do seu
nascimento, sua memória foi recuperada por meio da publicação de várias
reportagens dando conta da sua existência. As narrativas biográficas
consultadas sobre Enedina procuram passar a imagem de alguém que venceu na vida
pelo próprio esforço, que não se contentou com as "migalhas" que eram
reservadas ao pobre, preto e mulher, saindo da invisibilidade. Desconhece-se que
Enedina tenha feito odes feministas ou em prol da igualdade. Mesmo assim, se
tornou uma popstar. Virou bandeira flamejante no movimento negro e objeto de
estudos de gênero, mesmo que nos seus 68 anos de vida não tenha demonstrado
simpatia por nenhuma das duas causas. Hoje, Enedina empresta seu nome para uma
rua do bairro Vila Oficinas em Curitiba", está imortalizada ao lado de
outras 53 pioneiras no Memorial à Mulher Pioneira do Paraná (inaugurado no ano
2000), batiza o Instituto de Mulheres Negras de Maringá (fundado em 2006), um
centro municipal de educação infantil em Pinhais e o Coletivo Enedina dos
estudantes afro- descendentes da UTFPR/Campus Curitiba (fundado em 2015). Tudo
isso porque ela conseguiu transpor um espaço hegemonicamente elitizado,
masculino e branco ao se diplomar em engenharia sendo pobre, mulher e negra.
domingo, 15 de maio de 2022
Roseana Sarney - Primeira mulher governadora do Brasil
segunda-feira, 18 de abril de 2022
Maria Augusta Generoso Estrela - Primeira médica brasileira
"Nasceu em 10 de abril de 1860, no Rio de Janeiro (RJ). Maria
Augusta era filha de Maria Luísa Estrela e do comerciante Albino Augusto
Generoso Estrela, portugueses. O pai, representante comercial de laboratório
farmacêutico, propiciou-lhe educação exemplar e sempre a apoiou em suas
iniciativas. Recebeu a educação elementar no colégio de Madame Gross, destinado
a moças, que funcionava no bairro de Laranjeiras (RI).
Ingressou no Colégio Brasileiro
como aluna interna. Ali pôde amadurecer a ideia de estudar medicina. Contudo,
ainda eram fechadas às mulheres as portas das faculdades no Brasil, o que não a
impediu mais tarde de se tornar a primeira médica brasileira.
Em março de 1875, partiu para os Estados Unidos a fim de
frequentar o curso preparatório para a escola de medicina, na Academia ST.
Louis, em Oswego, transferindo-se depois para o colégio Mease, na cidade de
Nova York. No dia 8 de setembro de 1876, com 16 anos, matriculou-se na New York
Medical College and Hospital for Women, uma faculdade de medicina
exclusivamente voltada para mulheres. A banca de seleção da escola não quis
aceitar sua matrícula, alegando que ela não tinha a idade mínima para cursar a
faculdade. Maria Augusta argumentou com os examinadores que dispunha dos
requisitos intelectuais necessários para realizar o curso, apesar da pouca
idade. Foi convincente e fez os exames preparatórios no dia 16 de outubro e,
aprovada, matriculou-se. Seu pai, que a acompanhava, deixou-a aos cuidados de
uma das professoras da escola e sob a responsabilidade legal do cônsul
brasileiro em Nova York.
A imprensa brasileira acompanhou-lhe todos os passos desde a
sua partida do Rio de Janeiro. Publicadas como folhetins, ao longo de todos os
cinco anos em que esteve fora do país, as notícias relativas a Maria Augusta
constituem um capítulo de sua biografia. Doenças passageiras, notas no dia do
seu aniversário, tudo era assunto nos jornais da Corte, de Pernambuco e, em
particular, da Bahia. Nem bem Maria Augusta se matriculara na escola em Nova
York, os articulistas brasileiros já anunciavam que ela iria se dedicar
"exclusivamente a doenças de senhoras e de crianças". A idéia de que
a especialidade da futura médica deveria acompanhar a "natureza"
feminina foi recorrente na cobertura jornalísticas. Até as cartas que ela
escrevia ao pai foram, sistematicamente, publicadas.
Em fevereiro de 1878, o escritor baiano Belarmino Barreto
editou uma biografia de Maria Augusta, ilustrada com retratos da jovem
"futura doutora". A imprensa de todo o país saudou a publicação e
recomendou a leitura às moças brasileiras, para que se mirassem no seu exemplo
de determinação e brilhantismo.
Quando já estava adaptada aos Estados Unidos, à língua
inglesa e às exigências do curso, seu pai sofreu um revés nos negócios que o
impossibilitou de continuar arcando com os custos de seus estudos no exterior.
Restou ao senhor Albino Estrela apelar para o imperador D. Pedro II, que
acolheu o pedido e, por meio de decreto, concedeu a Maria Augusta uma mesada em
dólares, equivalente a 100 mil réis e uma quantia anual equivalente a 300 mil
réis, destinada a vestuário. Através do corpo diplomático, o imperador ficou
sabendo, ao final de 1877, que a agraciada continuava a mostrar-se merecedora
da proteção imperial. Ao longo de 1879, as despesas se avolumaram e o pai de
Maria Augusta recebeu a ajuda de respeitável quantia do fazendeiro fluminense
Augusto César de Oliveira Roxo. No início de 1880, um grupo de nobres e
comerciantes de destaque no Rio de Janeiro reuniu a quantia de dois contos e
quinhentos e cinqüenta mil réis, a título de contribuição extraordinária. O
grupo foi organizado pelo barão e baronesa do Bonfim. Nova ajuda veio em junho de 1880, quando o
visconde de Sapucaia decidiu doar uma quantia mensal a seu pai. Foi
providencial, já que Maria Augusta havia cortado a mão com um bisturi quando
realizava uma autópsia. O ferimento inflamou e, numa época em que ainda não
havia antibióticos, a recuperação foi penosa. Mais uma vez, Maria Augusta
ocupou a imprensa, que noticiava os gestos generosos dos membros da elite
brasileira e a evolução do estado de saúde da futura médica. Em agosto de 1880,
Albino Augusto faleceu sem ver a filha formada. Maria Augusta permaneceu nos
Estados Unidos, trabalhando arduamente para concluir o último ano do curso. Em
janeiro de 1881, deu vazão ao seu talento como jornalista, ensaiando os
primeiros passos na defesa de idéias sobre a emancipação da mulher. Publicou,
juntamente com sua colega de curso, a pernambucana Josefa Agueda F. Mercedes de
Oliveira, o jornal A mulher, que se anunciava como "um periódico ilustrado
de literatura e belas-artes, consagrado aos interesses e aos direitos da mulher
brasileira". Redigido em Nova York, o periódico era distribuído para as
redações dos principais jornais brasileiros. A iniciativa das duas estudantes
chegou a ser noticiada na imprensa
norte-americana.
No ano seguinte, recebeu o seu diploma de médica, mas
permaneceu em Nova York por mais um ano, sob o patrocínio do imperador, para se
aperfeiçoar. Consta dos documentos pessoais de D. Pedro Il uma carta enviada no
início de 1882 por Maria Augusta em agradecimento aos benefícios recebidos.
O reconhecimento profissional de Maria Augusta Estrela, bem
como a repercussão de seu caso na imprensa, foram responsáveis pela pressão da
sociedade sobre o poder público para alterar os critérios de ingresso nos
cursos superiores. Uma reforma do ensino, aprovada no parlamento em 1879,
permitiu finalmente a matrícula de mulheres nas faculdades. Em 1881,
matricularam-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro Ambrosina Magalhães,
Augusta Castelões, que não concluíram o curso, além de Rita Lobato Lopes, que
iniciou os estudos na mesma instituição, em 1884 e, transferiu-se posteriormente
para a Faculdade da Bahia, onde se formou.
No dia 10 de novembro de 1882, Maria Augusta desembarcou no
Rio de Janeiro e foi recebida calorosamente por amigos e pela família. Em 1884,
casou-se com o farmacêutico Antônio da Costa Moraes , com quem teve quatro
filhos. Ele era proprietário da Farmácia Norma, situada na Rua da Quitanda,
centro do Rio de Janeiro, onde Maria Augusta exerceu a clínica médica por
muitos anos. Maria Augusta faleceu no Rio de Janeiro em 18 de abril de 1946,
aos 86 anos. Em meados da década de 1980, a Prefeitura e a Câmara Municipal do
Rio de Janeiro deram o nome de Maria Augusta Generoso Estrela ao Centro
Municipal de Saúde de Vila Isabel. Pouco tempo depois, o bairro de Bangu
homenage-ou-a dando seu nome a uma avenida."
Organizado por Schuma Schumaer e Érico Vital Brazil
Jornal O Cruzeiro
Rio de Janeiro, Sexta-Feira 23 de Agosto de 1878.
“Nas lojas dos Srs. Catilina & Lefevre, está à venda a linda biografia da distinta futura médica brasileira, a Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, a primeira de nosso país, na ciência, que abraçou em tão tenra idade, da qual o público já tem conhecimento da sua elevada inteligência e vocação para a medicina, proclamada já pela imprensa da cidade de Nova York nos Estados Unidos, e por toda a do seu país, como uma das primeiras glórias brasileiras no sexo feminino.
Dela é sua Majestade o Imperador do Brasil o admirador e protetor, como a imprensa o tem publicado, pela ciência que tem do fato.
Essa linda biografia é digna de ser lida por todos, e muito principalmente pelas nossas patrícias, que devem orgulhar-se daquela que tanto se tem distinguido desde menina, para um dia poder ser útil ao seu sexo, na humanitária missão para que Deus a escolheu e destinou.
Sua biografia tem episódios tão tocantes e sentimentos desde a idade de 12 anos, até àquela em que se matriculou na faculdade de medicina, para senhoras em Nova York, que fazem correr as lágrimas a todas as pessoas que a ler: principalmente sobre o naufrágio por que ela já passou com seu bom pai no vapor inglês Flamsteed em Novembro de 1873, vindo da Europa para o Rio de Janeiro.
Na vidraça da loja dos Srs. Catilina & C. está um quadro com a fotografia da Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, tirado em Nova York um mês depois de matriculada na faculdade de medicina naquela cidade; tendo então 15 anos e sete meses de idade.
No mesmo quadro vê-se uma outra fotografia em ponto pequeno representando-a vestida de marinheiro como quando ela desembarcou no Rio de Janeiro, promessa que fez à Nossa Senhora das Dores, sua madrinha, a bordo do vapor inglês Flamsteed; quando se deu o abalroamento com o vapor inglês de guerra Blorimphon, que, se todos se salvassem, saltaria em sua terra natal vestida naquele traje. Passadas algumas horas, submergia-se o vapor Flamsteed nas vastas águas do oceano, depois de todos estarem salvos a bordo do encouraçado Blorimphon.
Sua promessa foi cumprida rigorosamente, assim como seus rogos tinham subido ao céu. Lendo-se os episódios da sua biografia, é que se pode apreciar, sua coragem, heroísmo e talento”.