segunda-feira, 18 de abril de 2022

Maria Augusta Generoso Estrela - Primeira médica brasileira

 

Maria Augusta Generoso Estrela (1860-1946) Primeira médica brasileira.

"Nasceu em 10 de abril de 1860, no Rio de Janeiro (RJ). Maria Augusta era filha de Maria Luísa Estrela e do comerciante Albino Augusto Generoso Estrela, portugueses. O pai, representante comercial de laboratório farmacêutico, propiciou-lhe educação exemplar e sempre a apoiou em suas iniciativas. Recebeu a educação elementar no colégio de Madame Gross, destinado a moças, que funcionava no bairro de Laranjeiras (RI).

Ingressou no Colégio Brasileiro como aluna interna. Ali pôde amadurecer a ideia de estudar medicina. Contudo, ainda eram fechadas às mulheres as portas das faculdades no Brasil, o que não a impediu mais tarde de se tornar a primeira médica brasileira.

Em março de 1875, partiu para os Estados Unidos a fim de frequentar o curso preparatório para a escola de medicina, na Academia ST. Louis, em Oswego, transferindo-se depois para o colégio Mease, na cidade de Nova York. No dia 8 de setembro de 1876, com 16 anos, matriculou-se na New York Medical College and Hospital for Women, uma faculdade de medicina exclusivamente voltada para mulheres. A banca de seleção da escola não quis aceitar sua matrícula, alegando que ela não tinha a idade mínima para cursar a faculdade. Maria Augusta argumentou com os examinadores que dispunha dos requisitos intelectuais necessários para realizar o curso, apesar da pouca idade. Foi convincente e fez os exames preparatórios no dia 16 de outubro e, aprovada, matriculou-se. Seu pai, que a acompanhava, deixou-a aos cuidados de uma das professoras da escola e sob a responsabilidade legal do cônsul brasileiro em Nova York.

A imprensa brasileira acompanhou-lhe todos os passos desde a sua partida do Rio de Janeiro. Publicadas como folhetins, ao longo de todos os cinco anos em que esteve fora do país, as notícias relativas a Maria Augusta constituem um capítulo de sua biografia. Doenças passageiras, notas no dia do seu aniversário, tudo era assunto nos jornais da Corte, de Pernambuco e, em particular, da Bahia. Nem bem Maria Augusta se matriculara na escola em Nova York, os articulistas brasileiros já anunciavam que ela iria se dedicar "exclusivamente a doenças de senhoras e de crianças". A idéia de que a especialidade da futura médica deveria acompanhar a "natureza" feminina foi recorrente na cobertura jornalísticas. Até as cartas que ela escrevia ao pai foram, sistematicamente, publicadas.

Em fevereiro de 1878, o escritor baiano Belarmino Barreto editou uma biografia de Maria Augusta, ilustrada com retratos da jovem "futura doutora". A imprensa de todo o país saudou a publicação e recomendou a leitura às moças brasileiras, para que se mirassem no seu exemplo de determinação e brilhantismo.

Quando já estava adaptada aos Estados Unidos, à língua inglesa e às exigências do curso, seu pai sofreu um revés nos negócios que o impossibilitou de continuar arcando com os custos de seus estudos no exterior. Restou ao senhor Albino Estrela apelar para o imperador D. Pedro II, que acolheu o pedido e, por meio de decreto, concedeu a Maria Augusta uma mesada em dólares, equivalente a 100 mil réis e uma quantia anual equivalente a 300 mil réis, destinada a vestuário. Através do corpo diplomático, o imperador ficou sabendo, ao final de 1877, que a agraciada continuava a mostrar-se merecedora da proteção imperial. Ao longo de 1879, as despesas se avolumaram e o pai de Maria Augusta recebeu a ajuda de respeitável quantia do fazendeiro fluminense Augusto César de Oliveira Roxo. No início de 1880, um grupo de nobres e comerciantes de destaque no Rio de Janeiro reuniu a quantia de dois contos e quinhentos e cinqüenta mil réis, a título de contribuição extraordinária. O grupo foi organizado pelo barão e baronesa do Bonfim.  Nova ajuda veio em junho de 1880, quando o visconde de Sapucaia decidiu doar uma quantia mensal a seu pai. Foi providencial, já que Maria Augusta havia cortado a mão com um bisturi quando realizava uma autópsia. O ferimento inflamou e, numa época em que ainda não havia antibióticos, a recuperação foi penosa. Mais uma vez, Maria Augusta ocupou a imprensa, que noticiava os gestos generosos dos membros da elite brasileira e a evolução do estado de saúde da futura médica. Em agosto de 1880, Albino Augusto faleceu sem ver a filha formada. Maria Augusta permaneceu nos Estados Unidos, trabalhando arduamente para concluir o último ano do curso. Em janeiro de 1881, deu vazão ao seu talento como jornalista, ensaiando os primeiros passos na defesa de idéias sobre a emancipação da mulher. Publicou, juntamente com sua colega de curso, a pernambucana Josefa Agueda F. Mercedes de Oliveira, o jornal A mulher, que se anunciava como "um periódico ilustrado de literatura e belas-artes, consagrado aos interesses e aos direitos da mulher brasileira". Redigido em Nova York, o periódico era distribuído para as redações dos principais jornais brasileiros. A iniciativa das duas estudantes chegou a ser noticiada na imprensa  norte-americana.

No ano seguinte, recebeu o seu diploma de médica, mas permaneceu em Nova York por mais um ano, sob o patrocínio do imperador, para se aperfeiçoar. Consta dos documentos pessoais de D. Pedro Il uma carta enviada no início de 1882 por Maria Augusta em agradecimento aos benefícios recebidos.

O reconhecimento profissional de Maria Augusta Estrela, bem como a repercussão de seu caso na imprensa, foram responsáveis pela pressão da sociedade sobre o poder público para alterar os critérios de ingresso nos cursos superiores. Uma reforma do ensino, aprovada no parlamento em 1879, permitiu finalmente a matrícula de mulheres nas faculdades. Em 1881, matricularam-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro Ambrosina Magalhães, Augusta Castelões, que não concluíram o curso, além de Rita Lobato Lopes, que iniciou os estudos na mesma instituição, em 1884 e, transferiu-se posteriormente para a Faculdade da Bahia, onde se formou.

No dia 10 de novembro de 1882, Maria Augusta desembarcou no Rio de Janeiro e foi recebida calorosamente por amigos e pela família. Em 1884, casou-se com o farmacêutico Antônio da Costa Moraes , com quem teve quatro filhos. Ele era proprietário da Farmácia Norma, situada na Rua da Quitanda, centro do Rio de Janeiro, onde Maria Augusta exerceu a clínica médica por muitos anos. Maria Augusta faleceu no Rio de Janeiro em 18 de abril de 1946, aos 86 anos. Em meados da década de 1980, a Prefeitura e a Câmara Municipal do Rio de Janeiro deram o nome de Maria Augusta Generoso Estrela ao Centro Municipal de Saúde de Vila Isabel. Pouco tempo depois, o bairro de Bangu homenage-ou-a dando seu nome a uma avenida."

Fonte: Dicionário Mulheres do Brasil
Organizado por Schuma Schumaer e Érico Vital Brazil 




Jornal O Cruzeiro 
Rio de Janeiro, Sexta-Feira 23 de Agosto de 1878.

“Biografia de uma brasileira.
Lê-se no Diário de Notícias da Bahia, em 13 do corrente:

“Nas lojas dos Srs. Catilina & Lefevre, está à venda a linda biografia da distinta futura médica brasileira, a Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, a primeira de nosso país, na ciência, que abraçou em tão tenra idade, da qual o público já tem conhecimento da sua elevada inteligência e vocação para a medicina, proclamada já pela imprensa da cidade de Nova York nos Estados Unidos, e por toda a do seu país, como uma das primeiras glórias brasileiras no sexo feminino.

Dela é sua Majestade o Imperador do Brasil o admirador e protetor, como a imprensa o tem publicado, pela ciência que tem do fato.

Essa linda biografia é digna de ser lida por todos, e muito principalmente pelas nossas patrícias, que devem orgulhar-se daquela que tanto se tem distinguido desde menina, para um dia poder ser útil ao seu sexo, na humanitária missão para que Deus a escolheu e destinou.

Sua biografia tem episódios tão tocantes e sentimentos desde a idade de 12 anos, até àquela em que se matriculou na faculdade de medicina, para senhoras em Nova York, que fazem correr as lágrimas a todas as pessoas que a ler: principalmente sobre o naufrágio por que ela já passou com seu bom pai no vapor inglês Flamsteed em Novembro de 1873, vindo da Europa para o Rio de Janeiro.

Na vidraça da loja dos Srs. Catilina & C. está um quadro com a fotografia da Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, tirado em Nova York um mês depois de matriculada na faculdade de medicina naquela cidade; tendo então 15 anos e sete meses de idade.

No mesmo quadro vê-se uma outra fotografia em ponto pequeno representando-a vestida de marinheiro como quando ela desembarcou no Rio de Janeiro, promessa que fez à Nossa Senhora das Dores, sua madrinha, a bordo do vapor inglês Flamsteed; quando se deu o abalroamento com o vapor inglês de guerra Blorimphon, que, se todos se salvassem, saltaria em sua terra natal vestida naquele traje. Passadas algumas horas, submergia-se o vapor Flamsteed nas vastas águas do oceano, depois de todos estarem salvos a bordo do encouraçado Blorimphon.

Sua promessa foi cumprida rigorosamente, assim como seus rogos tinham subido ao céu. Lendo-se os episódios da sua biografia, é que se pode apreciar, sua coragem, heroísmo e talento”.




sexta-feira, 4 de março de 2022

Dilma Vana Roussef - 14 de dezembro de 1947, Belo Horizonte, MG

A primeira mulher presidente do Brasil nasceu em Belo Horizonte. Dilma lutou contra o Regime Militar participando de grupos de luta armada, sendo presa por quase três anos (1970-1972) e submetida à tortura. Após a prisão, formou-se na Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), participou da campanha pela anistia e da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), primeira legenda da qual fez parte. Foi ministra de Minas e Energia (2003-2005) e ministra-chefe da Casa Civil (2005-2010) antes de assumir o mais alto cargo de gestão do País (2010-2014) sendo reeleita em 2014 e sofrendo impeachment em 2016.




Ellen Gracie Northfleet - 16 de fevereiro de 1948 -

O Globo - 01-11-2000

"BRASILIA. Pela primeira vez na História do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) terá uma mulher entre seus integrantes. O presidente Fernando Henrique encaminhou ontem para o Senado mensagem

indicando a juíza Ellen Gracie Northfleet para assumir a vaga do ministro Octávio Gallotti, que se aposentou na última sexta-feira. O anúncio foi feito pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, que elogiou a escolha do presidente:

- Eu tenho uma notícia muito importante para a História do nosso país. Pela primeira vez integrar o Supremo Tribunal Federal uma mulher. É uma pessoa da mais alta qualificação jurídica, moral e Profissional."

"BRASÍLIA. Nascida no Rio de Janeiro, a juíza Ellen Gracie Northileet, de 52 anos, chega ao Supremo Tribunal Federal com o apoio do ministro Nelson Jobim e do advogado-geral da União, Gilmar Mendes. Contrária a qualquer proposta de controle externo do Judiciário que possa interferir nas decisões judiciais, ela acredita que a representação feminina nos tribunais superiores tende a ser cada vez maior.

Ontem, em nota, Ellen Northfleet classificou sua escolha para o STF como "um considerável progresso para a condição feminina". Ela disse estar honrada pela indicação.

A discriminação das mulheres é um tema que a juíza já teve a oportunidade de observar em estudos da Associação Internacional de Mulheres Magistradas.. Segundo ela, alguns trabalhos acadêmicos mostram que as mulheres recebem punições mais severas do que os homens para crimes semelhantes.

Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ellen integrou o Conselho Seccional da OAB e foi eleita em 1988 vice-presidente do Instituto dos Advogados. Membro do Ministério Público Federal, entre 1973 e 1989,

integrou a composição original do TRF da 4 Região, em vaga destinada aos procuradores.

Ellen Northfleet se diz favorável a implantação do efeito vinculante, instituto jurídico que evitaria julgamento repetitivo de processos cujos temas já foram examinados pelo STF. Para ela, o efeito vinculante é uma forma de aumentar o índice de segurança jurídica de um país, "evitando flutuações na interpretação que se deva dar aos textos legislativos e tranquilizando os cidadãos quanto ao conteúdo e a extensão de seus direitos e obrigações".

Fonte: O Globo 01-11-2000.

 

Antonieta de Barros (1901- 1952)

O Globo 23-10-2021

"TOM FARIAS
Especial para O GLOBO

A vida só é vivida quando há esforço para as conquistas superiores. Esta frase lapidar foi proferida por Antonieta de Barros, em 1934, em Florianópolis, na ilha de Santa Catarina, terra natal de um gênio da poesia brasileira, que foi o poeta Cruz e Sousa. Tres anos depois, Antonieta sagrava-se a primeira parlamentar mulher e negra do seu estado e do país. Era o início de uma jornada pública e politica, que seria interrompida, abruptamente, com a sua morte prematura, em março de 1952, por problemas causados pela diabetes.

A trajetória dessa mulher negra a frente do seu tempo esta contada com competente maestria, além de ricamente documentada, em Antonieta de Barros: professora, escritora, jornalista, primeira deputada catarinense e negra do Brasil, por Jeruse Romão, pesquisadora e ativista do Movimento Negro e fundadora do NEN (Núcleo de Estudos do Negro).

"Antonieta de Barros não retrata apenas uma ótima biografia: é o primeiro estudo com grande abrangência sobre a vida e a obra dessa que foi, nas palavras de Flávia Person, documentarista e integrante da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros, uma "das mulheres mais importantes da história de Santa Catarina, do país (...) e que fez história na América Latina".

Antonieta de Barros deixou um livro testemunho do seu pensamento, intitulado "Farrapos de ideias", publicado em 1937, mesmo ano em que se torna, na vacância do cargo, embora temporariamente, também a primeira mulher (e negra, cabe destacar), a presidir uma casa legislativa em território nacional. Está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil, entre as quais é a única negra. Ainda em 1934, a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal; sete anos antes, elegeu-se prefeita de Lages, no Rio Grande do Norte, a fazendeira Alzira Soriano.

A MÃE E O INCENTIVO AO ESTUDO

Entretanto, o pioneirismo de Antonieta não para por aí. Ele tem fundas raízes na sua ancestralidade:vem da mãe Catarina, uma ex-escravizada, exímia lavadeira, moradora das áreas mais despossuídas da cidade, que "empurrou" as tilhas, incluindo a irmã Leonor de Barros, para o caminho dos estudos, interrompendo o forte ciclo de servidão e ofensas como sórdida herança dos tempos da escravidão.

Assim, Antonieta se tornou educadora e, acima de tudo, ativista e referência no magistério do estado - como deputada estadual, propôs em 1948 a lei que cria o Dia do Professor, 15 de outubro, adotada inicialmente no estado e em 1963 no âmbito nacional.Fundou e dirigiu, em sua residencia, o Curso Primário Antonieta de Barros, atuando, na mesma época, na Liga do Magistério Catarinense.

Para além do campo da educação, com atuação que materializa o combate à exclusão social das camadas mais pobres, Antonieta filia-se aos primórdios do movimento feminista, no escopo da conquista do direito do voto para as mulheres, o chamado "sufrágio feminino".

Sob a forte influência política da família Ramos, em especial de Nereu Ramos - sua mãe trabalhara na casa de Vidal Ramos, pai de Nereu - Antonieta galgou ainda um segundo mandato de deputada, em 1948, outro feito inédito, a despeito de todo o racismo que lhe fora infligido. De acordo com Azânia Mahin Romão Nogueira, filha de Jeruse, e prefaciadora da obra, o livro "serve como denúncia da produção de silêncios acerca da trajetória de Antonieta, destacando que Jeruse "é uma das herdeiras do legado político, educador e social de Antonieta", tal "a afinidade de energia de luta de ambas", no campo do antirracismo, acrescentaria.

"Antonieta de Barros" pauta-se pelo resgate da memória de uma das mulheres mais atuantes no campo da politica em um dos estados da federação com menor densidade demográfica negra. É uma obra que traz em si várias urgências: a primeira delas é a de ser lida.

Tom Farias é autor de "Escritos negros: crítica e jornalismo literário'" (Editora Malê)".

Fonte: O Globo 23-10-2021



Carlota Pereira de Queirós (1892-1982

Médica e primeira deputada federal da América Latina. Participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, integrando a Comissão de Saúde e Educação. Elaborou o primeiro projeto brasileiro sobre a criação de serviços sociais no País. Foi eleita deputada federal nas eleições de outubro de 1934 pela legenda do Partido Constitucionalista de São Paulo.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados


O Globo - 09-03-2016




quinta-feira, 3 de março de 2022

Ana Justina Ferreira Néri (1814 a 1880)

Pioneira da enfermagem no Brasil. Ana Néri acompanhou seus filhos, soldados na Guerra do Paraguai, como voluntária em 1865, sendo posteriormente contratada pelo presidente da província como enfermeira para servir com as tropas no Paraguai. Foi a primeira brasileira a ser reconhecida como heroína e ter seu nome inscrito no livro dos heróis nacionais, depositado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília-DF.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados


O Globo - 19 de Janeiro de 1994

"Ana Justina Ferreira Néri. Ou simplesmente Ana Néri. Foi com esse nome pequenino que a primeira enfermeira voluntária da América Latina ficou conhecida. Grande, porém, foram seus atos de bondade e seu zelo pelos soldados feridos na Guerra do Paraguai. Nos livros de história, os autores não poupam elogios à viúva do capitão Isidoro Antônio Néri que ao ver seus três filhos médicos se alistarem na guerra, decidiu acompanhá-los nos combates. Para isso, escreveu uma carta ao presidente da Província da Bahia, pedindo autorização para se juntar às tropas. Surpreendendo amigos e parentes, a solicitação foi aceita.

No dia 13 de agosto, aos 51 anos, Ana Néri desembarcou na frente de batalha. Onde houvesse feridos, lá estava ela. Curupaiti, Humaitá, Assunção e Corrientes foram alguns dos lugares por onde passou, improvisando enfermarias e fundando hospitais. Perdeu um de seus filhos, mas persistiu por mais cinco anos, até o fim da guerra.

Quando este dia chegou, Ana Néri, voltou ao Brasil, trazendo alguns órfãos para criar. Foi recepcionada com honras pelos cidadãos do Rio e de Salvador, qo lá desembarcou pouco tempos depois. Na ocasião, o Imperador Pedro II concedeu à enfermeira uma pensão anual e a condecorou com as medalhas "Humanitária" e "Campanha". Por sua dedicação aos doentes, ela passou a ser chamada de Mãe dos Brasileiros e teve a primeira escola de enfermagem do Brasil batizada com seu nome."