Descendente de negros escravizados vindos do Sudão, Maria Felipa nasceu em Itaparica. Alta e muito forte, capoeirista habilidosa, ela era pescadora, marisqueira e trabalhadora braçal. Seria só mais uma entre tantas mulheres negras que ganhavam a vida prestando serviços na cidade, conhecidas como “ganhadeiras”. Mas se engajou na luta pela Independência do Brasil na Bahia, entre 1822 e 1823, e acabou entrando para a História.
Mas o processo de Independência do Brasil não tinha sido pacífico? Que nada. O exército português mandou esquadras cheias de soldados para forçar as províncias brasileiras a voltarem a ser colônias.
O ano era 1823, e o litoral de Itaparica estava cheio de embarcações portuguesas aguardando ordens para invadir Salvador. Maria Felipa não teve dúvidas. Liderou 200 pessoas, entre mulheres negras e indígenas tapuias e tupinambás, para enfrentar os inimigos.
O ‘exército’ de Maria Felipa não tinha armamento pesado, só peixeiras, facões, pedaços de pau e galhos com espinhos. Mas tinha a seu favor a astúcia. As moças mais bonitas do grupo atraíam os vigias portugueses para longe dos navios. Uma vez fora dos seus postos de trabalho, eles levavam uma surra com galhos de cansanção, um arbusto cujos espinhos causam forte sensação de queimadura. Enquanto isso, as embarcações eram incendiadas. Mais de 40 foram destruídas assim!
Em 2 de julho de 1823, derrotadas, as últimas esquadras portuguesas deixaram a Bahia. Maria Felipa voltou à vida de antes, vindo a falecer décadas mais tarde, em 4 de julho de 1873. Mas sua história de coragem sobreviveu ao tempo. De personagem lendária na Bahia, ela se tornou heroína da Independência, tendo o seu nome inscrito no Livro de Aço dos Heróis e Heroínas da Pátria em 26 de julho de 2018.
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