domingo, 15 de maio de 2022

Roseana Sarney - Primeira mulher governadora do Brasil

 


Roseana Macieira Sarney - (São Luís, MA - 1 de junho de 1953) é uma socióloga e política brasileira filiada ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Pelo Maranhão, foi governadora por quatro mandatos, senadora e deputada federal.

Período 1.º- 1º de janeiro de 1995 a 5 de abril de 2002 (2 mandatos consecutivos)
2.º- 17 de abril de 2009 a 10 de dezembro de 2014 (2 mandatos consecutivos)

Em 1994, foi eleita governadora do Maranhão em segundo turno com 50,61% dos votos válidos contra 49,39% de Epitácio Cafeteira (PPR) sendo eleita com ampla maioria, igualando o feito de 1965 quando seu pai José Sarney conquistou o governo. Roseana foi a primeira mulher eleita diretamente por voto.

Tomou posse em 1º de janeiro de 1995. Em março do mesmo ano, foi admitida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial. A 4 de outubro desse ano foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.

Em 1998, foi reeleita governadora, a primeira mulher a se reeleger ao cargo.

Fonte: Wikipédia


segunda-feira, 18 de abril de 2022

Maria Augusta Generoso Estrela - Primeira médica brasileira

 

Maria Augusta Generoso Estrela (1860-1946) Primeira médica brasileira.

"Nasceu em 10 de abril de 1860, no Rio de Janeiro (RJ). Maria Augusta era filha de Maria Luísa Estrela e do comerciante Albino Augusto Generoso Estrela, portugueses. O pai, representante comercial de laboratório farmacêutico, propiciou-lhe educação exemplar e sempre a apoiou em suas iniciativas. Recebeu a educação elementar no colégio de Madame Gross, destinado a moças, que funcionava no bairro de Laranjeiras (RI).

Ingressou no Colégio Brasileiro como aluna interna. Ali pôde amadurecer a ideia de estudar medicina. Contudo, ainda eram fechadas às mulheres as portas das faculdades no Brasil, o que não a impediu mais tarde de se tornar a primeira médica brasileira.

Em março de 1875, partiu para os Estados Unidos a fim de frequentar o curso preparatório para a escola de medicina, na Academia ST. Louis, em Oswego, transferindo-se depois para o colégio Mease, na cidade de Nova York. No dia 8 de setembro de 1876, com 16 anos, matriculou-se na New York Medical College and Hospital for Women, uma faculdade de medicina exclusivamente voltada para mulheres. A banca de seleção da escola não quis aceitar sua matrícula, alegando que ela não tinha a idade mínima para cursar a faculdade. Maria Augusta argumentou com os examinadores que dispunha dos requisitos intelectuais necessários para realizar o curso, apesar da pouca idade. Foi convincente e fez os exames preparatórios no dia 16 de outubro e, aprovada, matriculou-se. Seu pai, que a acompanhava, deixou-a aos cuidados de uma das professoras da escola e sob a responsabilidade legal do cônsul brasileiro em Nova York.

A imprensa brasileira acompanhou-lhe todos os passos desde a sua partida do Rio de Janeiro. Publicadas como folhetins, ao longo de todos os cinco anos em que esteve fora do país, as notícias relativas a Maria Augusta constituem um capítulo de sua biografia. Doenças passageiras, notas no dia do seu aniversário, tudo era assunto nos jornais da Corte, de Pernambuco e, em particular, da Bahia. Nem bem Maria Augusta se matriculara na escola em Nova York, os articulistas brasileiros já anunciavam que ela iria se dedicar "exclusivamente a doenças de senhoras e de crianças". A idéia de que a especialidade da futura médica deveria acompanhar a "natureza" feminina foi recorrente na cobertura jornalísticas. Até as cartas que ela escrevia ao pai foram, sistematicamente, publicadas.

Em fevereiro de 1878, o escritor baiano Belarmino Barreto editou uma biografia de Maria Augusta, ilustrada com retratos da jovem "futura doutora". A imprensa de todo o país saudou a publicação e recomendou a leitura às moças brasileiras, para que se mirassem no seu exemplo de determinação e brilhantismo.

Quando já estava adaptada aos Estados Unidos, à língua inglesa e às exigências do curso, seu pai sofreu um revés nos negócios que o impossibilitou de continuar arcando com os custos de seus estudos no exterior. Restou ao senhor Albino Estrela apelar para o imperador D. Pedro II, que acolheu o pedido e, por meio de decreto, concedeu a Maria Augusta uma mesada em dólares, equivalente a 100 mil réis e uma quantia anual equivalente a 300 mil réis, destinada a vestuário. Através do corpo diplomático, o imperador ficou sabendo, ao final de 1877, que a agraciada continuava a mostrar-se merecedora da proteção imperial. Ao longo de 1879, as despesas se avolumaram e o pai de Maria Augusta recebeu a ajuda de respeitável quantia do fazendeiro fluminense Augusto César de Oliveira Roxo. No início de 1880, um grupo de nobres e comerciantes de destaque no Rio de Janeiro reuniu a quantia de dois contos e quinhentos e cinqüenta mil réis, a título de contribuição extraordinária. O grupo foi organizado pelo barão e baronesa do Bonfim.  Nova ajuda veio em junho de 1880, quando o visconde de Sapucaia decidiu doar uma quantia mensal a seu pai. Foi providencial, já que Maria Augusta havia cortado a mão com um bisturi quando realizava uma autópsia. O ferimento inflamou e, numa época em que ainda não havia antibióticos, a recuperação foi penosa. Mais uma vez, Maria Augusta ocupou a imprensa, que noticiava os gestos generosos dos membros da elite brasileira e a evolução do estado de saúde da futura médica. Em agosto de 1880, Albino Augusto faleceu sem ver a filha formada. Maria Augusta permaneceu nos Estados Unidos, trabalhando arduamente para concluir o último ano do curso. Em janeiro de 1881, deu vazão ao seu talento como jornalista, ensaiando os primeiros passos na defesa de idéias sobre a emancipação da mulher. Publicou, juntamente com sua colega de curso, a pernambucana Josefa Agueda F. Mercedes de Oliveira, o jornal A mulher, que se anunciava como "um periódico ilustrado de literatura e belas-artes, consagrado aos interesses e aos direitos da mulher brasileira". Redigido em Nova York, o periódico era distribuído para as redações dos principais jornais brasileiros. A iniciativa das duas estudantes chegou a ser noticiada na imprensa  norte-americana.

No ano seguinte, recebeu o seu diploma de médica, mas permaneceu em Nova York por mais um ano, sob o patrocínio do imperador, para se aperfeiçoar. Consta dos documentos pessoais de D. Pedro Il uma carta enviada no início de 1882 por Maria Augusta em agradecimento aos benefícios recebidos.

O reconhecimento profissional de Maria Augusta Estrela, bem como a repercussão de seu caso na imprensa, foram responsáveis pela pressão da sociedade sobre o poder público para alterar os critérios de ingresso nos cursos superiores. Uma reforma do ensino, aprovada no parlamento em 1879, permitiu finalmente a matrícula de mulheres nas faculdades. Em 1881, matricularam-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro Ambrosina Magalhães, Augusta Castelões, que não concluíram o curso, além de Rita Lobato Lopes, que iniciou os estudos na mesma instituição, em 1884 e, transferiu-se posteriormente para a Faculdade da Bahia, onde se formou.

No dia 10 de novembro de 1882, Maria Augusta desembarcou no Rio de Janeiro e foi recebida calorosamente por amigos e pela família. Em 1884, casou-se com o farmacêutico Antônio da Costa Moraes , com quem teve quatro filhos. Ele era proprietário da Farmácia Norma, situada na Rua da Quitanda, centro do Rio de Janeiro, onde Maria Augusta exerceu a clínica médica por muitos anos. Maria Augusta faleceu no Rio de Janeiro em 18 de abril de 1946, aos 86 anos. Em meados da década de 1980, a Prefeitura e a Câmara Municipal do Rio de Janeiro deram o nome de Maria Augusta Generoso Estrela ao Centro Municipal de Saúde de Vila Isabel. Pouco tempo depois, o bairro de Bangu homenage-ou-a dando seu nome a uma avenida."

Fonte: Dicionário Mulheres do Brasil
Organizado por Schuma Schumaer e Érico Vital Brazil 




Jornal O Cruzeiro 
Rio de Janeiro, Sexta-Feira 23 de Agosto de 1878.

“Biografia de uma brasileira.
Lê-se no Diário de Notícias da Bahia, em 13 do corrente:

“Nas lojas dos Srs. Catilina & Lefevre, está à venda a linda biografia da distinta futura médica brasileira, a Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, a primeira de nosso país, na ciência, que abraçou em tão tenra idade, da qual o público já tem conhecimento da sua elevada inteligência e vocação para a medicina, proclamada já pela imprensa da cidade de Nova York nos Estados Unidos, e por toda a do seu país, como uma das primeiras glórias brasileiras no sexo feminino.

Dela é sua Majestade o Imperador do Brasil o admirador e protetor, como a imprensa o tem publicado, pela ciência que tem do fato.

Essa linda biografia é digna de ser lida por todos, e muito principalmente pelas nossas patrícias, que devem orgulhar-se daquela que tanto se tem distinguido desde menina, para um dia poder ser útil ao seu sexo, na humanitária missão para que Deus a escolheu e destinou.

Sua biografia tem episódios tão tocantes e sentimentos desde a idade de 12 anos, até àquela em que se matriculou na faculdade de medicina, para senhoras em Nova York, que fazem correr as lágrimas a todas as pessoas que a ler: principalmente sobre o naufrágio por que ela já passou com seu bom pai no vapor inglês Flamsteed em Novembro de 1873, vindo da Europa para o Rio de Janeiro.

Na vidraça da loja dos Srs. Catilina & C. está um quadro com a fotografia da Exma. Sra. D. Maria Augusta Generoso Estrella, tirado em Nova York um mês depois de matriculada na faculdade de medicina naquela cidade; tendo então 15 anos e sete meses de idade.

No mesmo quadro vê-se uma outra fotografia em ponto pequeno representando-a vestida de marinheiro como quando ela desembarcou no Rio de Janeiro, promessa que fez à Nossa Senhora das Dores, sua madrinha, a bordo do vapor inglês Flamsteed; quando se deu o abalroamento com o vapor inglês de guerra Blorimphon, que, se todos se salvassem, saltaria em sua terra natal vestida naquele traje. Passadas algumas horas, submergia-se o vapor Flamsteed nas vastas águas do oceano, depois de todos estarem salvos a bordo do encouraçado Blorimphon.

Sua promessa foi cumprida rigorosamente, assim como seus rogos tinham subido ao céu. Lendo-se os episódios da sua biografia, é que se pode apreciar, sua coragem, heroísmo e talento”.




sexta-feira, 4 de março de 2022

Dilma Vana Roussef - 14 de dezembro de 1947, Belo Horizonte, MG

A primeira mulher presidente do Brasil nasceu em Belo Horizonte. Dilma lutou contra o Regime Militar participando de grupos de luta armada, sendo presa por quase três anos (1970-1972) e submetida à tortura. Após a prisão, formou-se na Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), participou da campanha pela anistia e da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), primeira legenda da qual fez parte. Foi ministra de Minas e Energia (2003-2005) e ministra-chefe da Casa Civil (2005-2010) antes de assumir o mais alto cargo de gestão do País (2010-2014) sendo reeleita em 2014 e sofrendo impeachment em 2016.




Ellen Gracie Northfleet - 16 de fevereiro de 1948 -

O Globo - 01-11-2000

"BRASILIA. Pela primeira vez na História do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) terá uma mulher entre seus integrantes. O presidente Fernando Henrique encaminhou ontem para o Senado mensagem

indicando a juíza Ellen Gracie Northfleet para assumir a vaga do ministro Octávio Gallotti, que se aposentou na última sexta-feira. O anúncio foi feito pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, que elogiou a escolha do presidente:

- Eu tenho uma notícia muito importante para a História do nosso país. Pela primeira vez integrar o Supremo Tribunal Federal uma mulher. É uma pessoa da mais alta qualificação jurídica, moral e Profissional."

"BRASÍLIA. Nascida no Rio de Janeiro, a juíza Ellen Gracie Northileet, de 52 anos, chega ao Supremo Tribunal Federal com o apoio do ministro Nelson Jobim e do advogado-geral da União, Gilmar Mendes. Contrária a qualquer proposta de controle externo do Judiciário que possa interferir nas decisões judiciais, ela acredita que a representação feminina nos tribunais superiores tende a ser cada vez maior.

Ontem, em nota, Ellen Northfleet classificou sua escolha para o STF como "um considerável progresso para a condição feminina". Ela disse estar honrada pela indicação.

A discriminação das mulheres é um tema que a juíza já teve a oportunidade de observar em estudos da Associação Internacional de Mulheres Magistradas.. Segundo ela, alguns trabalhos acadêmicos mostram que as mulheres recebem punições mais severas do que os homens para crimes semelhantes.

Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ellen integrou o Conselho Seccional da OAB e foi eleita em 1988 vice-presidente do Instituto dos Advogados. Membro do Ministério Público Federal, entre 1973 e 1989,

integrou a composição original do TRF da 4 Região, em vaga destinada aos procuradores.

Ellen Northfleet se diz favorável a implantação do efeito vinculante, instituto jurídico que evitaria julgamento repetitivo de processos cujos temas já foram examinados pelo STF. Para ela, o efeito vinculante é uma forma de aumentar o índice de segurança jurídica de um país, "evitando flutuações na interpretação que se deva dar aos textos legislativos e tranquilizando os cidadãos quanto ao conteúdo e a extensão de seus direitos e obrigações".

Fonte: O Globo 01-11-2000.

 

Antonieta de Barros (1901- 1952)

O Globo 23-10-2021

"TOM FARIAS
Especial para O GLOBO

A vida só é vivida quando há esforço para as conquistas superiores. Esta frase lapidar foi proferida por Antonieta de Barros, em 1934, em Florianópolis, na ilha de Santa Catarina, terra natal de um gênio da poesia brasileira, que foi o poeta Cruz e Sousa. Tres anos depois, Antonieta sagrava-se a primeira parlamentar mulher e negra do seu estado e do país. Era o início de uma jornada pública e politica, que seria interrompida, abruptamente, com a sua morte prematura, em março de 1952, por problemas causados pela diabetes.

A trajetória dessa mulher negra a frente do seu tempo esta contada com competente maestria, além de ricamente documentada, em Antonieta de Barros: professora, escritora, jornalista, primeira deputada catarinense e negra do Brasil, por Jeruse Romão, pesquisadora e ativista do Movimento Negro e fundadora do NEN (Núcleo de Estudos do Negro).

"Antonieta de Barros não retrata apenas uma ótima biografia: é o primeiro estudo com grande abrangência sobre a vida e a obra dessa que foi, nas palavras de Flávia Person, documentarista e integrante da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros, uma "das mulheres mais importantes da história de Santa Catarina, do país (...) e que fez história na América Latina".

Antonieta de Barros deixou um livro testemunho do seu pensamento, intitulado "Farrapos de ideias", publicado em 1937, mesmo ano em que se torna, na vacância do cargo, embora temporariamente, também a primeira mulher (e negra, cabe destacar), a presidir uma casa legislativa em território nacional. Está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil, entre as quais é a única negra. Ainda em 1934, a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal; sete anos antes, elegeu-se prefeita de Lages, no Rio Grande do Norte, a fazendeira Alzira Soriano.

A MÃE E O INCENTIVO AO ESTUDO

Entretanto, o pioneirismo de Antonieta não para por aí. Ele tem fundas raízes na sua ancestralidade:vem da mãe Catarina, uma ex-escravizada, exímia lavadeira, moradora das áreas mais despossuídas da cidade, que "empurrou" as tilhas, incluindo a irmã Leonor de Barros, para o caminho dos estudos, interrompendo o forte ciclo de servidão e ofensas como sórdida herança dos tempos da escravidão.

Assim, Antonieta se tornou educadora e, acima de tudo, ativista e referência no magistério do estado - como deputada estadual, propôs em 1948 a lei que cria o Dia do Professor, 15 de outubro, adotada inicialmente no estado e em 1963 no âmbito nacional.Fundou e dirigiu, em sua residencia, o Curso Primário Antonieta de Barros, atuando, na mesma época, na Liga do Magistério Catarinense.

Para além do campo da educação, com atuação que materializa o combate à exclusão social das camadas mais pobres, Antonieta filia-se aos primórdios do movimento feminista, no escopo da conquista do direito do voto para as mulheres, o chamado "sufrágio feminino".

Sob a forte influência política da família Ramos, em especial de Nereu Ramos - sua mãe trabalhara na casa de Vidal Ramos, pai de Nereu - Antonieta galgou ainda um segundo mandato de deputada, em 1948, outro feito inédito, a despeito de todo o racismo que lhe fora infligido. De acordo com Azânia Mahin Romão Nogueira, filha de Jeruse, e prefaciadora da obra, o livro "serve como denúncia da produção de silêncios acerca da trajetória de Antonieta, destacando que Jeruse "é uma das herdeiras do legado político, educador e social de Antonieta", tal "a afinidade de energia de luta de ambas", no campo do antirracismo, acrescentaria.

"Antonieta de Barros" pauta-se pelo resgate da memória de uma das mulheres mais atuantes no campo da politica em um dos estados da federação com menor densidade demográfica negra. É uma obra que traz em si várias urgências: a primeira delas é a de ser lida.

Tom Farias é autor de "Escritos negros: crítica e jornalismo literário'" (Editora Malê)".

Fonte: O Globo 23-10-2021



Carlota Pereira de Queirós (1892-1982

Médica e primeira deputada federal da América Latina. Participou dos trabalhos na Assembleia Nacional
Constituinte, integrando a Comissão de Saúde e Educação. Elaborou o primeiro projeto brasileiro 
sobre a criação de serviços sociais no País. Foi eleita deputada federal nas eleições de outubro de 1934 pela legenda do Partido Constitucionalista de São Paulo.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados


O Globo - 09-03-2016




quinta-feira, 3 de março de 2022

Ana Justina Ferreira Néri (1814 a 1880)

Pioneira da enfermagem no Brasil. Ana Néri acompanhou seus filhos, soldados na Guerra do Paraguai, como voluntária em 1865, sendo posteriormente contratada pelo presidente da província como enfermeira para servir com as tropas no Paraguai. Foi a primeira brasileira a ser reconhecida como heroína e ter seu nome inscrito no livro dos heróis nacionais, depositado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília-DF.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados


O Globo - 19 de Janeiro de 1994

"Ana Justina Ferreira Néri. Ou simplesmente Ana Néri. Foi com esse nome pequenino que a primeira enfermeira voluntária da América Latina ficou conhecida. Grande, porém, foram seus atos de bondade e seu zelo pelos soldados feridos na Guerra do Paraguai. Nos livros de história, os autores não poupam elogios à viúva do capitão Isidoro Antônio Néri que ao ver seus três filhos médicos se alistarem na guerra, decidiu acompanhá-los nos combates. Para isso, escreveu uma carta ao presidente da Província da Bahia, pedindo autorização para se juntar às tropas. Surpreendendo amigos e parentes, a solicitação foi aceita.

No dia 13 de agosto, aos 51 anos, Ana Néri desembarcou na frente de batalha. Onde houvesse feridos, lá estava ela. Curupaiti, Humaitá, Assunção e Corrientes foram alguns dos lugares por onde passou, improvisando enfermarias e fundando hospitais. Perdeu um de seus filhos, mas persistiu por mais cinco anos, até o fim da guerra.

Quando este dia chegou, Ana Néri, voltou ao Brasil, trazendo alguns órfãos para criar. Foi recepcionada com honras pelos cidadãos do Rio e de Salvador, qo lá desembarcou pouco tempos depois. Na ocasião, o Imperador Pedro II concedeu à enfermeira uma pensão anual e a condecorou com as medalhas "Humanitária" e "Campanha". Por sua dedicação aos doentes, ela passou a ser chamada de Mãe dos Brasileiros e teve a primeira escola de enfermagem do Brasil batizada com seu nome."



Myrthes Gomes de Campos (1875-1965)

Formou-se na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1898 e, após muitos anos de luta, conseguiu o registro do diploma, sendo reconhecida oficialmente como a primeira advogada no Brasil. Myrthes destacou-se em sua primeira atuação no Tribunal de Júri, absolvendo o réu e apresentando um profundo conhecimento do Código Penal, além de possuir forte poder de argumentação.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados




Rita Lobato Velho Lopes (1867-1954)

Primeira mulher a se formar em medicina no Brasil. Quando Rita ingressou no curso de medicina, havia três anos que o decreto imperial facultara às mulheres a matrícula nos cursos superiores do País, embora a primeira escola de ensino superior no Brasil datasse de 1808.

Formou-se em 1887 e começou a clinicar no Rio Grande do Sul no ano seguinte.

Fonte: Mulheres Pioneiras - Centro Cultural Câmara dos Deputados




Joana Martins Castilho D'Alessandro

Diferente de outras pioneiras, Joana Castilho teve grande incentivo familiar para ingressar na aviação. Nascida em São Paulo, em 10 de novembro de 1924, adotou logo cedo o município de Taubaté (SP), onde voou pela primeira vez aos treze anos.

Joaninha - como ficou conhecida - é considerada a aviadora acrobata mais jovem do mundo. O fato é listado no Guiness Book e faz menção ao voo acrobático que realizou aos 14 anos. Dois anos depois, em 1940, também ganhou campeonato de acrobacia. O talento e pioneirismo de Joana ganharam destaque entre autoridades políticas e na imprensa. Assis Chateaubriand – grande empresário das comunicações – destacou os feitos da piloto em uma série de reportagens nos Diários Associados. Mesmo o Presidente da República, Getúlio Vargas, salientou publicamente a importância de Joana para a aviação. Foi sua família, no entanto, que permaneceu subsidiando suas atividades aeronáuticas.

Joaninha e seus pais acreditavam que seu exemplo encorajaria outras jovens mulheres a ingressar no setor - e estavam certos. Até hoje a aviadora é lembrada pela sua destreza como piloto e paraquedista, sendo considerada uma referência no setor, tendo recebido inúmeras homenagens e se tornando de fato uma inspiração para mulheres na aviação do Brasil.

Fonte: Mulheres na Aviação - Embraer





Ada Leda Rogatto - 22 de dezembro de 1910, São Paulo, SP - 15 de novembro de 1986, São Paulo, SP

 Ada Rogato é detentora de alguns títulos: foi a primeira mulher brasileira a obter licença como paraquedista, a primeira piloto habilitada de planadores e a terceira a receber um brevê aeronáutico, em 1935. Também se tornou conhecida pelas acrobacias aéreas e como pioneira na aviação agrícola. A partir daí seus feitos só cresceram.

Nascida em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 1920, a filha de imigrantes italianos começou a vida profissional como funcionária pública, mas não tardou a ingressar no setor aeronáutico. Após a conquista das habilitações necessárias, Ada – que sempre pilotava sozinha -, alçou voos ainda mais altos.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial,realizou de maneira voluntária mais de 200 voos de patrulhamento no litoral paulista. Alguns anos depois, em 1950 atravessou os Andes por onze vezes. Feito inédito até então. No ano seguinte, voou mais de 50 mil quilômetros pelas Américas, chegando até o Alasca, EUA. Utilizou na empreitada um pequeno monomotor Cessna 140, batizado de “Brasil”. Também conquistou recorde na Bolívia ao pousar no aeroporto de La Paz – então o mais alto do mundo – com um avião de baixa potência, somente 90 HP. Foi ainda pioneira ao cruzar sozinha a região amazônica, em uma aeronave sem rádio, guiando-se apenas com uma bússola.

Além de destacar-se como piloto e paraquedista, Ada Rogato também se dedicou à preservação da história aeronáutica do Brasil.

Atuou como redatora em revista especializada, foi Presidente da Fundação Santos Dumont e Diretora do Museu da Aeronáutica.

Foi a primeira mulher a receber a Comenda Nacional de Mérito Aeronáutico e o título da Força Aérea Brasileira de Piloto Honoris Causa.

Fonte: Mulheres na Aviação - Embraer






Teresa de Marzo - 4 de agosto de 1903, São Paulo, São Paulo - 9 de fevereiro de 1986 (82 anos); São Paulo, SP

Nascida em São Paulo (SP), em 6 de agosto de 1903, foi a primeira brasileira a receber o diploma de piloto-aviador internacional. Antes de voar, no entanto, superou dificuldades em terra.

Apaixonada por aviação, foi repreendida pela família quando relatou o desejo de pilotar. Determinada, percorreu a pé a cidade de São Paulo até o Aeródromo Brasil,onde os pilotos italianos - João e Enrico Robba - ministravam aulas de voo. Sem o apoio familiar, conseguiu matricular-se no curso rifando uma vitrola. Iniciou as aulas em março de 1921, contando com as instruções dos irmãos Robba e do piloto alemão Fritz Roesler. Durante um ano, à frente de um avião Caudron G-3, realizou o seu sonho.

Pilotou sozinha pela primeira vez em março de 1922 e, algumas semanas depois, no dia 8 de abril, habilitou-se perante banca do Aeroclube Brasil, recebendo o brevê nº 76 da Fédération Aéronautique Internationale. No mesmo ano, efetuou o primeiro reide para a cidade de Santos (SP) e criou as chamadas Tardes de aviação, nas quais realizava voos panorâmicos com passageiros.

“Em 1922 foi criada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, iniciativa da feminista Bertha Lutz.”

Em 1926 se casou com o instrutor Fritz Roesler. Embora inicialmente compartilhassem a paixão pela aviação, Roesler proibiu que Thereza voasse após o casamento. A aviadora nutria esperanças de voltar a voar, mas encerrou a carreira de piloto precocemente. Apesar disso, totalizou mais de 300 horas de voo, numa trajetória coroada de êxito e pioneirismo.

“O código civil de 1916 previa que a mulher casada necessitava de autorização do marido para exercer atividades diversas. Somente em 1962 com a lei 4,121 ocorreu a emancipação feminina"

Fonte: Mulheres na Aviação - Embraer





Maria Felipa de Oliveira

Por muito tempo, Maria Felipa de Oliveira foi considerada uma figura lendária na Ilha de Itaparica, na Bahia. Não era para menos. Seus feitos extraordinários, contados de boca em boca, não pareciam, mesmo, de alguém real. Mas pesquisadores asseguram que ela existiu, sim – só que, na condição de mulher negra e pobre, permaneceu apagada dos registros históricos por muito tempo.

Descendente de negros escravizados vindos do Sudão, Maria Felipa nasceu em Itaparica. Alta e muito forte, capoeirista habilidosa, ela era pescadora, marisqueira e trabalhadora braçal. Seria só mais uma entre tantas mulheres negras que ganhavam a vida prestando serviços na cidade, conhecidas como “ganhadeiras”. Mas se engajou na luta pela Independência do Brasil na Bahia, entre 1822 e 1823, e acabou entrando para a História.

Mas o processo de Independência do Brasil não tinha sido pacífico? Que nada. O exército português mandou esquadras cheias de soldados para forçar as províncias brasileiras a voltarem a ser colônias.

O ano era 1823, e o litoral de Itaparica estava cheio de embarcações portuguesas aguardando ordens para invadir Salvador. Maria Felipa não teve dúvidas. Liderou 200 pessoas, entre mulheres negras e indígenas tapuias e tupinambás, para enfrentar os inimigos.

O ‘exército’ de Maria Felipa não tinha armamento pesado, só peixeiras, facões, pedaços de pau e galhos com espinhos. Mas tinha a seu favor a astúcia. As moças mais bonitas do grupo atraíam os vigias portugueses para longe dos navios. Uma vez fora dos seus postos de trabalho, eles levavam uma surra com galhos de cansanção, um arbusto cujos espinhos causam forte sensação de queimadura. Enquanto isso, as embarcações eram incendiadas. Mais de 40 foram destruídas assim!

Em 2 de julho de 1823, derrotadas, as últimas esquadras portuguesas deixaram a Bahia. Maria Felipa voltou à vida de antes, vindo a falecer décadas mais tarde, em 4 de julho de 1873. Mas sua história de coragem sobreviveu ao tempo. De personagem lendária na Bahia, ela se tornou heroína da Independência, tendo o seu nome inscrito no Livro de Aço dos Heróis e Heroínas da Pátria em 26 de julho de 2018.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários.

Não há certeza sobre os traços físicos de Maria Felipa. A imagem pintada em paredes e estampada em livros é da perita técnica Filomena Modesto Orge, do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, ligado ao Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT).


quarta-feira, 2 de março de 2022

Anésia Pinheiro Machado (Itapetininga, 5 de junho de 1904— Rio de Janeiro, 10 de maio de 1999)

É considerada a segunda mulher a receber o brevê de piloto no Brasil – apenas um dia após a conquista de Thereza de Marzo.


"A mais antiga aviadora do mundo é brasileira, paulista, começou a voar com 17 anos e se chama Anésia Pinheiro Machado. Seu primeiro contato com a aviação se deu nos anos 20, quando um americano apareceu na cidade de Itapetininga, no interior de Sào Paulo, e deixou que ela desse uma volta em seu monoplano. Anésia vibrou com a experiência e nunca mais largou a aviação. Aos 18 anos, a piloto conseguiu o brevê da Federação Aeronáutica Internacional, o primeiro dado a uma mulher.

Anésia é considerada uma pioneira em todos os sentidos. Foi ela quem realizou o primeiro võo entre Rio e São Paulo, que durou quatro dias, a bordo do seu Bandeirante. Além disso, ganhou títulos como o da primeira mulher a fazer um voo transcontinental, percorrendo mais de 17 mil quilômetros sobre o continente americano; a primeira a conduzir passageiros em avião; a fazer acrobacias; e a primeira repórter aeronáutica do Brasil.

Por tudo isso, a piloto tem um espaço dedicado a seus feitos no Museu Aeroespacial, no Campo dos Afonsos. Na sala, entre outras condecorações, está a medalha de ouro dada a ela por Santos Dumont.

Anésia morreu no dia 10 de junho de 1999, aos 95 anos, vítima de um tumor no cérebro."

A Cigarra, 15 de fevereiro de 1922.
A aviadora paulista senhorita Anesia Pinheiro Machado, sobrinha do General Pinheiro Machado, aluna do tenente Reynaldo Gonçalves, que se vê ao seu lado, na Escola de Aviação Curtiss, no aeródromo de Indianópolis. A senhorita já tem realizado vários voos, esperando poder tirar o brevê ainda este mês.

Carta de Santos Dumont para Anésia


Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976)

Filha do cientista Adolfo Lutz, trabalhou como naturalista no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Destacou-se também como líder feminista .

"O movimento feminista brasileiro teve como sua principal líder a bióloga e zoóloga Bertha Lutz, que fundou, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Essa organização tinha entre suas reivindicações o direito de voto, o de escolha de domicílio e o de trabalho, independentemente da autorização do marido. Outra líder feminina, Nuta Bartlett James, participou das lutas políticas do país na década de 1930 e foi uma das fundadoras da União Democrática Nacional (UDN).

O direito de voto só foi concedido às mulheres brasileiras pelo código eleitoral de 1933. Na constituição de 1934 estabeleceu-se a proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de sexo, e a proibição de trabalho de mulheres em indústrias insalubres."

Fonte: Enciclopédia Barsa

Bertha Lutz
Bióloga, Zooóloga, Advogada e Política
Fonte: Wikipedia


Tarsila do Amaral

 "Tarsila participou ativamente da renovação da arte brasileira que se processou na década de 1920. Integrou-se ao movimento modernista e ligou-se com especial interesse à questão da brasilidade. Formou, com Anita Malfani, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, com quem se casou em 1924, o chamado Grupo dos Cinco.

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari SP em 1897. Estudou com Pedro Alexandrino, a partir de 1917, e depois com George Fischer Elphons, em São Paulo. Em Paris frequentou a Académie Julien, sob a orientação de Émile Renard. Entrou em contato com Fernand Léger, cujo estilo a marcou sobremodo, André Lhote e Albert Gleisse, e estruturou sua personalidade artística a partir das influências cubistas. Em 1922 participou em Paris do Salão dos Artistas Franceses.

Retornando ao Brasil em 1924, percorreu as cidades históricas mineiras em companhia do escritor francês Blaise Cendrars. Deslumbrada com a decoração popular das casas dessas cidades, assimilou a tradição barroca brasileira às recém-adquiridas teorias e práticas cubistas e criou uma pintura que foi denominada Pau-Brasil. Essa pintura inspirou um movimento, variante brasileira do cubismo, e influenciou Portman.

Em 1926 Tarsila expôs na galeria Percier em Paris. Iniciou-se então sua fase antropofágica, de retorno ao primitivo, da qual o exemplo mais notável é o quadro "Abaporu". Presente na I e II Bienais de São Paulo, foi premiada na primeira. Na Bienal de São Paulo de 1963, sala especial foi dedicada à retrospectiva de sua obra. Foram apresentadas suas diversas fases e deu-se destaque ao quadro "Operários" (1933) , da fase social, em que as cores são mais sombrias mas a nitidez anterior é conservada. Outra obra do mesmo período é, "Segunda classe".

Tarsila esteve ainda representada na mostra Arte Moderna no Brasil (1957), na XXXII Bienal de Veneza (1964) e na mostra Arte da América Latina desde a Independência (J 966). Em 1960 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Entre suas demais telas destacam-se "A negra", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e "São Paulo", na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Tal'sila morreu em São Paulo SP em 17 de janeiro de 1973."

Fonte: Enciclopédia Barsa

Antropofagia (1929)

A tela "Operários", de
Tarsila do Amaral, retrata
a mistura de raças que
compõe a população
brasileira.

Abaporu



Eufrásia Teixeira Leite (1850 - 1930)

"BETY ORSINT
orsini@ogobo.com.br

Figura fascinante e personagem deslocada de seu tempo, Eufrásia Teixeira Leite (1850/1930) ficou conhecida pelo romance com o abolicionista Joaquim Nabuco. Mas também chamou atenção em Paris por ter sido cliente de Charles Frederick Worth, o pai da alta-costura. Seu universo è pesquisado há um ano por um grupo da escola de Design da Universidade Veiga da Almeida e o seu acervo, com peças do estilista francês, está na Casa da Hera, em Vassouras.

Nascida numa época em que as mulheres eram criadas para casar, Eufrásia foi educada pelo pai, o comissário Joaquim Teixeira Leite, um financista do café nos tempos do Império. Das nove
milhões de sacas de café que o Brasil exportava por ano, um milhão e meio era de Vassouras.
- O pai de Eufrásia financiava os produtores do plantio até a colheita e, assim, ganhou dinheiro-explica o pesquisador Flávio Bragança.

Eufrásia multiplicou a herança, investindo em empresas totalmente novas para a época (petróleo, cerveja etc) e comprando uma quantidade imensa de ações. Morreu em 1930 e deixou a maior parte de seus bens como herança para entidades filantrópicas de Vassouras. Uma das cláusulas de seu testamento pedia que a Chácara da Hera fosse conservada com tudo que nela existisse no mesmo estado de conservação, não podendo ocupar ou permitir que fosse ocupada por outros. A casa e as terras da chácara foram herdadas pelo Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus e, em 1952, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como expressão do cotidiano de uma família rica de fazendeiros e comissários de café do século XIX. Em 1965, passou a ser aberta à visitação pública.

O romance com Joaquim Nabuco durou 14 anos. Eles se conheceram durante um passeio pela enseada de Botafogo.
-Em 1873, eles se reencontraram no navio Chimborazo, rumo à Europa, e começaram o romance. Terminaram tudo porque Nabuco gostava demais de mulheres que não eram a sua - conta o pesquisador Flávio Bragança.

CARTAS COM DECLARAÇÕES EXPLÍCITAS DE AMOR

Tida como durona, a verdade é que Eufrásia Teixeira Leite não resistiu aos encantos de Joaquim Nabuco. Ao menos é isso o que mostram as cartas escritas por ela ao abolicionista: "A espécie de entorpecimento que causou-me a sua presença tirou-me todos os meios, não soube o que dizer e o que fazer" (Paris, 20 de abril de 1884).

Um ano depois uma declaração de amor explícita foi encontrada num bilhete: "Eu te amo de todo o meu coração" (Tijuca, 8 de dezembro de 1885, quando estavam hospedados no Alto da Boa Vista).

OFERTA DE DINHEIRO PARA O AMANTE ENDIVIDADO

O romance terminou depois que Eufrásia escreveu uma carta oferecendo dinheiro para um endividado Nabuco. A correspondência escrita em 18 de abril de 1887 foi o golpe final: "Eu tenho algum dinheiro e não sei o que fazer dele, compreende que me é muito mais agradável emprestar a si que a
um desconhecido, de sorte que, ao mesmo tempo que me faz prazer, ele pode servi-lhe a qualquer coisa de vantajosa aí em Londres, e fazer-lhe ganhar bastante, para livrar-se de trabalhos aborrecidos, por mais agradáveis e úteis. Nabuco ficou ofendido com a oferta e rompeu definitivamente.
- Não existe a resposta dele para ela - conta Flávio.- Eufrásia pediu que queimassem todas as cartas escritas por Nabuco. Dessa forma, só conhecemos a resposta de Eufrásia.
- "Não devia ter lido a minha carta como escrevi, mas como a senti. Não sei escrever e muito menos a si."

Pouco se sabe da mãe de Eufrásia, que era dona de casa. De sua irmã Francisca sabe-se que tinha um problema no quadril que restringia suas atividades.
- Depois que os pais morreram, as irmãs decidiram ir viver em Paris. Pegaram a herança, libertaram os escravos e foram. Eufrásia tinha 23 anos na época.

COUTURIER DA IMPERATRIZ DA FRANÇA E DA BRASILEIRA DE VASSOURAS

O jovem Charles Frederick Worth vendia tecidos em Londres. Quando começou a fazer vestidos (pensando em vender mais tecidos), decidiu ir para a capital francesa aonde chegou com cinco libras.
- Em Paris, ele também criava vestidos para vender os tecidos. Foi nessa época que conheceu a vendedora Marie, com quem se casou, e que foi sua primeira modelo. Charles também criou os desfiles. Em 1857, abriu a Maison Worth & Boberg com um sócio, que, em 1857, começou a ser frequentada pela nata. E foi nessa época que ele conseguiu atrair a imperatriz Eugenia, uma mulher muito ligada à moda, que ajudou a difundir o uso da crinolina.

O primeiro encontro entre a imperatriz e o estilista teria sido um desastre não fosse a intervenção de Napoleão III. Charles levou uma roupa pronta, o que era considerado um desrespeito na época. Eugenia detestou o vestido de seda brocado. Felizmente, o imperador entrou na hora do encontro e ouviu Charles explicar que o brocado tinha sido produzido em Lyon, que era uma tendência republicana, de oposição ao imperador.
-Ele lembrou que, se a imperatriz usasse o tecido, isso seria um ganho político para o imperador. Então, ela capitula ao pedido do marido usando o vestido três vezes em aparições públicas - conta Flávio,lembrando que a clientela do estilista era feita de nobres e de atrizes como Eleonora Duse e Sarah Bernhardt.

Charles vestia os novos ricos com luxo, pedrarias, tecidos importados e muita seda. Em alguns anos, tornou-se o costureiro oficial da corte. Ficou rico e teve dois filhos. Sua maison durou cem anos. Na Casa da Hera, onde viveu Eufrásia Teixeira Leite, existem 40 peças do estilista: vestidos, mantos para saída de teatro, roupa de montaria e um penhoar.
- Nosso projeto pretende criar cinco réplicas dessas roupas. A intenção é que cada uma delas reflita o ambiente de cada cômodo da Casa - encerra Flávio."

Fonte - O Globo - 10-01-2015


A Casa da Hera - Vassouras-RJ

Museu Casa da Hera

Construção da primeira metade do século XIX, a casa serviu de moradia para a família de Joaquim José Teixeira Leite, comissário de café, um dos personagens mais importantes daquele período. Foi também, bacharel em direito, deputado, presidente da Câmara de Vassouras e até vice-presidente da Província do Rio de Janeiro. Entre seus habitantes ilustres, destaca-se a filha mais nova de Joaquim José, Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930), - figura de personalidade forte, habituada ao luxo e ao requinte de Paris. Ao morrer, em 1930, Eufrásia doou a entidades filantrópicas todos os seus bens, entre eles a Casa da Hera.

Tombada em 1952, a construção passou ao Iphan dez anos depois. Além do mobiliário, quadros e objetos de uso doméstico, seu acervo inclui ainda vasta biblioteca e uma coleção de trajes de origem francesa, considerada das mais importantes do Brasil.

Curiosidades:

>> Eufrásia foi noiva de Joaquim Nabuco. Se conheceram a bordo do navio que os levava para a Europa.

>> Frequentava a casa da Princesa Isabel, em Paris.

>> Morou em um palacete de 5 andares (na época) na Rue Bassano, 40 em Paris. O prédio existe até hoje.

>> Seu tio era o Barão de Vassouras.

>> Ao viajarem para Paris em 1873, após receberem a herança, Eufrásia e sua irmã Francisca deixaram dois empregados tomando conta da Chácara da Hera, um deles era Manoel da Silva Rebello, que cuidou da casa por 36 anos e plantou as heras em 1887.


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Prédio de 5 andares onde morou Eufrásia em Paris.








terça-feira, 1 de março de 2022

Rosalina Coelho Lisboa de Larragoiti

Rosalina (1900-1975) foi poeta, jornalista e ativista política. Natural do Rio de Janeiro, escreveu para revistas e jornais importantes.

Foi partidária da Revolução de 1930 e, em 1951, foi delegada do Brasil à VI Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Paris.

Defendia a intervenção da mulher na política e a igualdade de direitos entre os sexos.

Pintura de Ignácio Zuloaga Zabaleta(1870-1945)

Fonte: Museu da Cidade do Rio de Janeiro





Soror Joana Angélica de Jesus

O movimento revolucionário que explodiu na Bahia a 10 de fevereiro de 1821. pode ser considerado como um dos sinais precursores do movimento independente que vai se processar no Brasil. Exatamente um ano depois, em fevereiro de 1822, as hostilidades se acentuam, e o General Madeira de Melo, que recebera reforços de Portugal e de Jorge Avilez (que capitulara no Rio de Janeiro), mantém militarmente o governo português na Bahia.

Segundo uns autores, refugiaram-se no Convento da Lapa alguns "independentes", e, no encalço desses inimigos, soldados portugueses invadem o convento e matam a Abadessa do mesmo, Soror Joana Angélica, que se opusera à perseguição. Segundo outros autores, foi o assalto ao Convento da Lapa represália e mero ato de destruição da tropa portuguesa, nos dias tumultuosos de 19, 20 e 21 de fevereiro. De uma ou outra forma é inconteste que, protegendo, acumpliciada, a brasileiros insubmissos ou não, foi Soror Joana Angélica, conforme a expressão de Bernardino de Sousa "a primeira heroína da Independência do Brasil".

Morreu a 20 de fevereiro de 1822, aos 62 anos de idade, no Convento de N. S. da Conceição da Lapa, a Revda. Madre Abadessa Joana Angélica de Jesus, e, do termo de falecimento consta" ... faleceu sem os sacramentos por morrer de uma Baionetada no acontecimento e entrada que fizeram neste Convento a Tropa Lusitana".

Ainda nessa luta, pela emancipação política, são lembradas: Epifânia Muribeca, que organizara um batalhão de patriotas, Bárbara de Aramaré, Luísa do Pantaleão...

Fonte: Anais do Museu Histórico Nacional

Jovita Feitosa

 "Com 18 anos, vindo da pequena localidade de Inhamuns, Ceará, inscreve-se no Batalhão de Voluntários do Piauí aquela que foi incontestavelmente a heroína da guerra do Paraguai.

Dando provas de tenacidade e decisão, pois, não tendo recursos para se transportar ao Piauí, vence a pé a distância que a separa de sua residência ao local de inscrição; é ainda devido a essa perseverança e entusiasmo cívico aceita nas fileiras do 35º Batalhão

de Voluntários, o 2º Corpo de Voluntários do Piauí, e, no posto de sargento, embarca para o Rio de Janeiro, sendo então recusado seu oferecimento pelo Ministro da Guerra. Fixa residência no Rio de Janeiro, suicidando-se em 9 de outubro de 1867, por questões de amor.

Há, no Museu Histórico, um retrato de Jovita Feitosa, doação do Dr. Aurélio de Brito, em 1931, em que a vemos, vestindo farda de voluntário: túnica preta, 4 divisas de sargento na manga e: o escudo imperial, sacola branca, quépi preto. De braços cruzados, figura de cabocla enérgica; porém, a par do olhar decidido, vislumbra-se um que de suavidade, que parece ter sido sempre a sua característica. Os cabelos repuxados para trás, porém não cortados, denotam que o sentimento feminino de vaidade ainda sobrepuja a vontade máscula de combater."

Fonte: Anais do Museu Histórico Nacional



Ana de Jesus Ribeiro

Nascida em Morrinhos, Sta, Catarina, casou em 1839, em Laguna, com José Garibaldi. Tornou-se, por amor ao marido, famosa guerreira. Acompanha-o em todas as lutas, e, nos campos da Forquilha, à margem do rio Marombas, para onde avançaram as tropas republicanas conduzindo munições, é feita prisioneira, conseguindo fugir e reunir-se. em Lajes, a Garibaldi.

É de se notar a fuga de Anita Garibaldi, que, iludindo a vigilância dos guardas, consegue chegar à margem do rio Canoas, onde quatro soldados, ai em guarda, assombrados com a aparição de uma mulher, fogem, aproveitando-se ela para atravessar o rio a nado.

Uma das facetas mais originais da vida militar de Anita Garibaldi é ter sido, talvez, a única mulher que tomou parte em combates navais, como o da Laguna, a 15 de novembro de 1839, e o de Imbituba, a bordo da escuna "Rio Pardo".

Partindo José Garibaldi para a Itália, seguiu-o Anita, vindo a falecer na bela cidade de Ravena, em 1849.

Fonte: Anais do Museu Histórico Nacional



Maria Quitéria de Jesus Medeiros

 "Nasceu na Bahia em 1792 e faleceu em 1853. Lutou como voluntária pela independência da Bahia, com o nome suposto de Medeiros. Entrou para o batalhão de caçadores chamado "Voluntários do Príncipe D. Pedro", conhecido como "Periquitos", devido à cor da roupa que usavam, farda azul com golas e punhos verdes. Maria Quitéria foi condecorada com a Medalha de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, que o próprio D. Pedro colocou em sua farda, no dia 20 de agosto de 1823. Essa heroína, que fugiu de casa e tanto lutou pela independência de sua pátria, morreu no sertão, esquecida por todos".

Fonte: Enciclopédia Sibrac